sábado, 9 de fevereiro de 2013

O câncer do diabo


O diabo-da-tasmânia (Sarcophilus harrisii) é um mamífero marsupial endêmico da ilha da Tasmânia, Austrália. Nos últimos anos, porém, essa espécie corre o risco de desaparecer. E a razão de tal tragédia se deve a um tipo ímpar de doença: um câncer localizado na face, pescoço e cavidade bucal que evoluiu para um parasito. Como consequência, a enfermidade pode ser transmitida de um animal para outro. E isso é favorecido por um hábito muito comum entre eles: em lutas por território, alimento ou fêmeas para acasalamento, eles, frequentemente, se mordem nos locais afetados e podem ingerir pedaços do tumor e, assim, se contaminarem.

A proliferação celular pode ser identificada pelas ulcerações e nódulos nos lábios e na mucosa oral que, posteriormente, se desenvolvem em pequenas protuberâncias malignas no rosto, colo e ombros. A disseminação para outros órgãos se dá por metástase (formação de uma nova lesão tumoral a partir de outra). O organismo infectado morre por septicemia derivada de infecção secundária, inanição ou falência múltipla dos órgãos em 3 a 8 meses após o aparecimento das lesões. A taxa de mortalidade é de 100%.

Os primeiros casos foram registrados em 1990 e, desde então a situação vem se tornando cada vez mais crítica: a moléstia já dizimou 84% da população dos diabos. Para evitar uma catástrofe, pesquisadores estão realizando diversos esforços, há mais de uma década, para compreender esse novo tipo de doença e conseguir uma cura. Especula-se como uma vacina atuaria no retardamento e possível anulação do câncer. Entretanto, essa medida talvez não seja o suficiente, uma vez que seria necessária mais de uma aplicação, o que pode ser inviável e sem garantias.

Portanto, como um ato mais imediato, o biólogo Phil Wise e sua equipe iniciaram um novo projeto: a transferência de mamíferos saudáveis para a Ilha de Maria, situada a cinco quilômetros da costa da Tasmânia. A partir disso, um refúgio poderia ser estabelecido e a extinção, caso todos os animais da Tasmânia sejam acometidos pela doença, não ocorreria. Em novembro do ano passado, um grupo viajou à Ilha levando 15 indivíduos para analisar sua adaptação no local. No segundo trimestre desse ano, há a pretensão de se levar mais animais para que uma colônia seja estabelecida. Fora isso, o governo está acompanhando uma “população segura” com aproximadamente 500 diabos distribuídos entre zoológicos e santuários ecológicos.

A importância desses estudos consiste em não somente salvar essa espécie, mas também se prevenir em relação a casos futuros. 
A ONG World Wide Fund Nature (WWF) recebe doações para auxílio aos diabos-da-tasmânia. Para mais informações sobre isso, visite o site da organização: www.wwf.org.br.

Um comentário:

  1. Fontes de leitura: Jornal Folha de São Paulo, do dia 04.02.2013 e Jornal O Tempo, do dia 08.02.2013

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