Introdução
Os tubarões são os maiores
peixes conhecidos. Já existiam há mais de 350 milhões de anos, muito antes do aparecimento
dos primeiros dinossauros e homens, o que pode ser comprovado pelos extratos paleozoicos
do mais primitivo desses animais: o Cladoselache.
As dimensões, mesmo extremamente reduzidas se comparadas com as de outros peixes
couraçados daquela época (que chegavam a medir cerca de 6 metros de
comprimento), não afetaram a sobrevivência dos tubarões ancestrais, pois outras
características, tais como grande agilidade e velocidade, permitiram que eles
pudessem competir por território e alimento, transmitindo, ao longo das
gerações, suas características.
O
porquê dos ataques
Esses animais estão
presentes em nosso imaginário, dividindo reações de fascínio e medo. Há muitos
anos, diversos filmes como "Tubarão”, de Steven Spielberg, espelharam esse
conflito de sentimentos e serviram para criar em torno desses seres uma aura de
terror. E isso vem sendo reforçado pelos casos de acidentes com banhistas e
praticantes de esportes aquáticos. Entretanto, apesar do que a maioria pensa,
os tubarões NÃO são devoradores de humanos e não nos têm como participantes de
seu cardápio.
Das mais de 400 espécies,
apenas três efetivamente provocam acidentes: o cabeça-chata, o tubarão-tigre e o
tubarão-branco, sendo que o número total de casos não ultrapassa 12 por ano, em
todo o mundo. Estatisticamente, acidentes com automóveis, ou simples atividades,
como atravessar a rua ou jogar golfe, são mais perigosas e resultam em um
número incomparavelmente maior de vítimas. Então, por que esses animais
investem contra humanos? Isso tem uma série de motivos.
Primeiramente, vistos por
baixo, surfistas são apenas uma prancha com duas pernas. Eventualmente, por um
erro de identificação, já que a forma é semelhante às de focas e tartarugas, o
tubarão acaba por morder o alvo. Percebendo que aquilo não se trata do que ele
julgava ser, ele solta a vítima. Quase todos os casos já relatados possuem esse
perfil: uma pessoa que apresenta uma única mordida. Segundo: por inadvertência,
banhistas podem adentrar áreas de desova ou procriação e assim sofrem o ataque
desses animais, sobretudo de fêmeas grávidas.
A causa mais importante e
por muitos relegada ao esquecimento, entretanto, é a ação antrópica. A destruição
inconsequente do habitat natural dos
tubarões força a sua migração, o que pode promover maior contato entre eles e
nós. Um caso que serve para exemplificar isso se deu no início dos anos 1990,
em Recife, quando uma área de mangue – região rica em biodiversidade e
fornecedora de alimento – foi aterrada para que um porto fosse construído. Era por
esse local que as fêmeas subiam o rio para dar à luz seus filhotes. Com a
impossibilidade de realizarem essa ação, se deslocaram para o Grande Recife.
Quem
realmente está ameaçado?
Quem nunca sentiu temor de dar
de cara com um tubarão durante um mergulho no mar? Como ter certeza que bem
abaixo dos seus pés não há dois olhos espreitando? Bom, acho que esse
sentimento de medo é comum, mas são eles, os tubarões, que possuem motivos para
se sentirem inseguros. Assim como vários outros peixes, eles se encontram em
crescente pressão por causa da pesca mundial. Com a queda drástica
das populações de peixes destinados ao mercado, muitas das frotas pesqueiras estão
se voltando para esses animais como uma fonte alternativa de renda e alimento.
Isso pode acarretar efeitos irreversíveis não somente para os tubarões, como
também para todo o ecossistema marinho, uma vez que esse grupo ocupa um
importantíssimo lugar na cadeia alimentar.
A pesca para o corte de barbatanas, conhecida como finning, é
uma prática cruel, pois o animal capturado, após ter seus membros extirpados, é
lançado ao mar, sangrando e incapacitado de nadar. Sua morte é lenta e
agonizante. Essa pode ser considerada uma das maiores ameaças para os tubarões.
É absurdo que, em pleno século XXI, em alguns lugares ainda se cultive o hábito
de consumir uma sopa preparada com as nadadeiras, confiando em que ela
proporcionará dotes fantásticos. Também é absurdo considerar tal prato um
símbolo de prestígio e ascensão social. Como se isso não bastasse, há um
intenso comércio de dentes, óleo de fígado e pedaços de pele e cartilagem para
as indústrias farmacêutica e da moda. Anualmente, cerca de 100 milhões de
tubarões são mortos para esses fins. Ademais, não devemos nos esquecer de que a
acidificação dos oceanos resulta na morte, em larga escala, dos recifes e
corais. O excesso de CO2 não permite a sobrevivência das algas e plantas
aquáticas, sem as quais as outras espécies marinhas fenecem, inclusive os
tubarões.
O tempo está correndo, e uma
catástrofe é iminente. Se nos dizemos assim tão racionais, devemos começar a
agir como tais. É necessário que deixemos de ser egoístas e que não fechemos os
olhos perante um problema que só vem piorando – e lembrar que isso não é válido
somente para os tubarões, mas, sim, para todas as outras criaturas.
Para mais informações,
consulte o livro "Enciclopédia da Vida Selvagem Larousse - Animais do Mar
I", Editora Altaya e acesse os sites http://discoverybrasil.uol.com.br/tubaroes/detalhe/branco/index.shtml
e http://seashepherd.org.br/tubaroes/.

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