sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

A FERA AMEAÇADA


Introdução
Os tubarões são os maiores peixes conhecidos. Já existiam há mais de 350 milhões de anos, muito antes do aparecimento dos primeiros dinossauros e homens, o que pode ser comprovado pelos extratos paleozoicos do mais primitivo desses animais: o Cladoselache.
As dimensões, mesmo extremamente reduzidas se comparadas com as de outros peixes couraçados daquela época (que chegavam a medir cerca de 6 metros de comprimento), não afetaram a sobrevivência dos tubarões ancestrais, pois outras características, tais como grande agilidade e velocidade, permitiram que eles pudessem competir por território e alimento, transmitindo, ao longo das gerações, suas características.

O porquê dos ataques
Esses animais estão presentes em nosso imaginário, dividindo reações de fascínio e medo. Há muitos anos, diversos filmes como "Tubarão”, de Steven Spielberg, espelharam esse conflito de sentimentos e serviram para criar em torno desses seres uma aura de terror. E isso vem sendo reforçado pelos casos de acidentes com banhistas e praticantes de esportes aquáticos. Entretanto, apesar do que a maioria pensa, os tubarões NÃO são devoradores de humanos e não nos têm como participantes de seu cardápio.
Das mais de 400 espécies, apenas três efetivamente provocam acidentes: o cabeça-chata, o tubarão-tigre e o tubarão-branco, sendo que o número total de casos não ultrapassa 12 por ano, em todo o mundo. Estatisticamente, acidentes com automóveis, ou simples atividades, como atravessar a rua ou jogar golfe, são mais perigosas e resultam em um número incomparavelmente maior de vítimas. Então, por que esses animais investem contra humanos? Isso tem uma série de motivos.
Primeiramente, vistos por baixo, surfistas são apenas uma prancha com duas pernas. Eventualmente, por um erro de identificação, já que a forma é semelhante às de focas e tartarugas, o tubarão acaba por morder o alvo. Percebendo que aquilo não se trata do que ele julgava ser, ele solta a vítima. Quase todos os casos já relatados possuem esse perfil: uma pessoa que apresenta uma única mordida. Segundo: por inadvertência, banhistas podem adentrar áreas de desova ou procriação e assim sofrem o ataque desses animais, sobretudo de fêmeas grávidas.
A causa mais importante e por muitos relegada ao esquecimento, entretanto, é a ação antrópica. A destruição inconsequente do habitat natural dos tubarões força a sua migração, o que pode promover maior contato entre eles e nós. Um caso que serve para exemplificar isso se deu no início dos anos 1990, em Recife, quando uma área de mangue – região rica em biodiversidade e fornecedora de alimento – foi aterrada para que um porto fosse construído. Era por esse local que as fêmeas subiam o rio para dar à luz seus filhotes. Com a impossibilidade de realizarem essa ação, se deslocaram para o Grande Recife.

Quem realmente está ameaçado?
Quem nunca sentiu temor de dar de cara com um tubarão durante um mergulho no mar? Como ter certeza que bem abaixo dos seus pés não há dois olhos espreitando? Bom, acho que esse sentimento de medo é comum, mas são eles, os tubarões, que possuem motivos para se sentirem inseguros. Assim como vários outros peixes, eles se encontram em crescente pressão por causa da pesca mundial. Com a queda drástica das populações de peixes destinados ao mercado, muitas das frotas pesqueiras estão se voltando para esses animais como uma fonte alternativa de renda e alimento. Isso pode acarretar efeitos irreversíveis não somente para os tubarões, como também para todo o ecossistema marinho, uma vez que esse grupo ocupa um importantíssimo lugar na cadeia alimentar.
A pesca para o corte de barbatanas, conhecida como finning, é uma prática cruel, pois o animal capturado, após ter seus membros extirpados, é lançado ao mar, sangrando e incapacitado de nadar. Sua morte é lenta e agonizante. Essa pode ser considerada uma das maiores ameaças para os tubarões. É absurdo que, em pleno século XXI, em alguns lugares ainda se cultive o hábito de consumir uma sopa preparada com as nadadeiras, confiando em que ela proporcionará dotes fantásticos. Também é absurdo considerar tal prato um símbolo de prestígio e ascensão social. Como se isso não bastasse, há um intenso comércio de dentes, óleo de fígado e pedaços de pele e cartilagem para as indústrias farmacêutica e da moda. Anualmente, cerca de 100 milhões de tubarões são mortos para esses fins. Ademais, não devemos nos esquecer de que a acidificação dos oceanos resulta na morte, em larga escala, dos recifes e corais. O excesso de CO2 não permite a sobrevivência das algas e plantas aquáticas, sem as quais as outras espécies marinhas fenecem, inclusive os tubarões.
O tempo está correndo, e uma catástrofe é iminente. Se nos dizemos assim tão racionais, devemos começar a agir como tais. É necessário que deixemos de ser egoístas e que não fechemos os olhos perante um problema que só vem piorando – e lembrar que isso não é válido somente para os tubarões, mas, sim, para todas as outras criaturas.


Para mais informações, consulte o livro "Enciclopédia da Vida Selvagem Larousse - Animais do Mar I", Editora Altaya e acesse os sites http://discoverybrasil.uol.com.br/tubaroes/detalhe/branco/index.shtml e http://seashepherd.org.br/tubaroes/.

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